Repórter ou prestidigitador?
Uma piada muito antiga exagera sobre a forte gesticulação dos italianos durante uma conversa. Dizem que dois italianos caíram de um navio e continuaram conversando e movimentando mãos e braços dentro da água. Quando perceberam estavam chegando numa praia, sãos e salvos, graças ao hábito de balançar braços e movimentar as mãos freneticamente durante um bate-papo. Exageros à parte, alguns repórteres da televisão fazem coisa parecida. Muitos deles , querendo parecer mais com atores do que jornalistas, movimentam mãos exageradamente, como os italianos da piada. E como se isso não bastasse, usam expressões faciais, também de forma exagerada (como se fossem atores), para acompanhar a movimentação dos membros superiores.
Não é regra geral no meio profissional, mas vale o registro para alertar aqueles que provavelmente não recebem orientação adequada sobre o assunto. Claro que um repórter estático, com o um poste, falando como marionete, é reprovável sob todos os aspectos. Deve manter a descontração e intimidade com o telespectador, sem contudo exagerar nas caras e bocas.
Faço este comentário como profissional que durante 42 anos esteve na frente das câmeras e que no início de sua carreira exagerou na gesticulação. Nesse tempo de quase nenhuma ilustração nos telejornais, os apresentadores ficavam a maior parte do tempo com a câmera focalizando caras e bocas. As expressões faciais e movimentos de mãos faziam parte do elenco de ações que se utilizavam para melhorar a interpretação dos textos e transmitir a notícia com mais emoção, já que o noticiário, de modo geral era pobre em ilustrações nas matérias transmitidas. Com a moderna tecnologia, que facilita entradas de repórteres em qualquer local do país e do mundo e as transmissões de matérias via satélite, o repórter e o apresentador ficaram desobrigados de provocar mais emoções.
E uma postura mais sóbria, ou menos espalhafatosa, bem que caia bem.
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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