Contador da história
História | Maury Borges, a enciclopédia alvinegra, conta um pouco dos 92 anos do clube.
Daniel Silva
O jornalista, pesquisador e escritor, Maury Borges, 77 anos, não é um torcedor comum. No escritório de sua casa, no Balneário do Estreito, guarda um acervo raro com mais de 400 fotos e documentos que contam a história do Figueirense, que completa 92 anos de fundação hoje, 12/6. Exímio contador de histórias, talento adquirido na sua passagem pelo O Estado, de 1954 a 1970, Borges não admite o fanatismo e há dois anos não frequenta o estádio Orlando Scarpelli, insatisfeito com os problemas políticos e, sobretudo, com a qualidade do time.
Borges começou a torcer pelo Figueirense nos anos 1950, quando já era jornalista. Era sempre convidado por Ney Hübner, ex-jogador e até hoje conselheiro do clube, a jogar no campo do alvinegro. A amizade com a diretoria não demorou a transformá-lo em um fã. Membro fundador da ACESC – Associação dos Cronistas Esportivos de Santa Catarina, ele se lembra daquele temo com saudades. “Eu não era torcedor do Figueirense. Sou da época que a gente falava com os jogadores dentro do gramado e não precisava esconder o time que a gente torcia”, comentou.
Para o cronista esportivo, a gestão de Nestor Lodetti (2010/2012) foi o capítulo mais negro da história do Figueirense. Ainda assim, Borges espera ver o clube se reerguer, e ter um bom time. A última vez em que se empolgou com o alvinegro foi em 2005, com Edmundo. “O Lodetti levou o Figueirense à bancarrota. As alegrias compensaram muitas tristezas. Em 2005 o torcedor ia para o estádio sabendo que o time ganharia. Não perdia um jogo. Tenho as entradas até hoje”, declarou.
Artilharia questionável
Borges contesta um dos maiores feitos por um jogar no Figueirense. Para o escritor, o meia Fernandes, que marcou 108 gols pelo clube em 13 anos, não é o maior artilheiro da história alvinegra. O próprio Calico, que faleceu em 2000, aos 85 anos, garantiu que fez bem mais do que os 94 contabilizados entre 1932 e 1947. Além disso, Borges acredita que existe um erro no número de clássicos disputados entre Figueirense e Avaí.
“Em jogos com times pequenos da cidade, como o Tamandaré, os jornais só publicavam o placar, não davam quem fazia os gols.
Nessas circunstâncias, ele é o maior artilheiro da história do Figueirense e foi um dos melhores pontas que a ilha já teve. O Fernandes foi um bom jogador, justificou a idolatria com gols, mas o Calico foi grande. Ninguém sabe quantos jogos Figueirense e Avaí fizeram. Tem muito jogo que não foi documentado. O jornal não acompanhava”, concluiu.
História documentada
Até alguns anos, Borges tinha a ata de fundação do Figueirense, escrita pelo presidente João dos Passos Xavier. De tanto que Norton Boppré, que comandou o clube de 2005 a 2010, insistiu, doou o original para o memorial do Orlando Scarpelli. Essa é apenas uma das raridades que o escritor coleciona. “Quando escrevi o primeiro livro, pesquisei na biblioteca pública e vi que não tínhamos nada. A história do Avaí foi contada, mas não existe registro. Contei muita coisa do Figueirense que ninguém sabia. Fiz a minha parte”, disse.
Uma das curiosidades que pouca gente sabe é a origem do apelido “Esquadrão de Aço”. O termo caiu no gosto dos torcedores em 1939, quando o Figueirense ganhou o estadual e o citadino. Na época, a estrela do time era o meia Hubert Beck, o galego Beck.” O goleiro Silas Nunes disse que era o Esquadrão de Aço e pegou. O Figueirense tinha um alemão que não tinha bola perdida. Hoje ninguém usa mais esse termo. É só Figueira”, revelou. Beck atuou de 1932 a 1940 pelo alvinegro e também jogou no Avaí – 1942 a 1945.
[email protected] | @danielsilva_ND
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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