‘CORINGA’: Uma HQ de tensão hitchcockiana
“A notícia, quando chegou, se espalhou dos becos aos clubes bacanas… por salas onde tudo que você poderia querer estava à venda… passando por confessionários onde tudo era pago. Se espalhou feito fogo… ou colocando mais apropriadamente… feito uma doença. Ele era uma doença que, de algum jeito, com a ajuda de Deus ou do Diabo… pode escolher… tinha convencido seus médicos de que não estava mais doente. A notícia se espalhou. Não sei os detalhes… ainda não sei por que, mas ele estava… o Coringa estava sendo liberado do Asilo Arkham.”
Brian Azzarello é o criador da HQ “Coringa”, e através de sua narrativa conhecemos um pouco mais da vida de um dos maiores vilões dos quadrinhos, já que desde o começo até o fim da história seguimos os passos do vilão pelo submundo do crime, sendo que Batman é apenas um coadjuvante que aparece pouco na HQ. A história é narrada por Jonny Frost, o único capanga que tem coragem de ir buscar Coringa no manicômio. E assim começa a jornada de Jonny, um bandido que de uma hora pra outra, se encontra ao lado dos maiores criminosos da cidade de Gotham, como por exemplo, Crocodilo, Pinguim, Duas-Caras, Charada e, principalmente, seu chefe e mentor… Coringa.
As ilustrações ficam por conta de Lee Bermejo, que constrói imagens de cunho realista, o que torna a HQ ainda mais assombrosa. Inclusive, o traço do vilão nos remete facilmente a figura do Coringa interpretado por Heath Ledger no filme “O Cavaleiro das Trevas”, sendo que temos na própria capa da HQ o sorriso do vilão contornado por lábios cortados.
A figura do agente do caos é regada por um senso de humor dos mais doentios e também pela anarquia, em certo momento da HQ, os figurões do crime se reúnem todos armados, e de repente Coringa fala: “Por que está todo mundo tão tenso esta noite?” O vilão também demonstra não se importar com dinheiro e em certa ocasião confessa que seu único intuito é o de ver o circo pegando fogo. Brian Azzarello constrói uma história em quadrinhos de grande tensão, já que a personalidade de Coringa é totalmente imprevisível, sendo que ele pode a qualquer momento atacar pessoas inocentes como também até mesmo seus parceiros do crime. O próprio capanga de Coringa vive angustiado e suando frio, morrendo de medo do próximo passo de seu chefe. É interessante notar como essa tensão atinge o leitor em cheio, sendo que viramos as páginas da HQ com extrema cautela, imaginando um turbilhão de coisas que Coringa estará prestes a fazer. Portanto, aqueles que querem ter seus centros nervosos alterados, não tem recomendação mais adequada do que realizar um mergulho na HQ “Coringa”.
Natural de Florianópolis/SC. Graduado em Letras – Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Além do amor pela escrita, é fascinado pelo universo de HQs, Literatura Infantil, Literatura, Games, Cinema e Música. Tomou gosto pela leitura através de autores como: Clarice Lispector, Allan More, Frank Miller, Shaun Tan, Bukowski, Chacal, Jhon Fante, Bram Stoker e Kafka.
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