Fantasmas amigos cantem
O cansaço domina a vontade de viver, a ânsia de amar. Apenas lembranças, sonhos, rotina que a vida nos dá e nos rouba, sem que ao menos esperemos. Citações e frases esparsas bailam em seu cérebro. Não se sabe mais os nomes dos autores, mas, obrigatoriamente entrarão neste escrito feito ao léu. Não sabe mais onde colocar aspas, dando os devidos créditos, dividindo aquilo que for dos outros mas que moram dentro de sua mente. Afinal, eles foram os autores desta situação. É o que dá ler tudo o que cai em suas mãos. Fica tudo embaralhado. Um autor diz sim, o outro, diz não. Outro, ainda, coloca dúvidas. São os fantasmas dizendo: cante junto, na hora de dizer adeus… Mas a hora de dizer adeus é a mais triste hora…
Em qualquer língua, em qualquer parte, há a hora triste; na hora de ir embora não é hora de amar, para não sofrer. Um sorriso… Mais que um aceno. Um sorriso… Mais que um carinho. Um sorriso… Mais que uma vida.
Da rua, se lembra. Do céu, também. Da data, não se recorda. Uma pétala… Duas pétalas… Três, quatro, a rosa toda. Uma a uma – das saudades – ficaram ali, chorando tristezas. Uma rosa – inteirinha – desfolhada.
As lembranças de romances antigos deverão ser enterradas aqui, nos espaços de cada linha, nos intervalos de cada palavra.
Os fantasmas amigos, autores de livros que dormiram comigo, a última serenata, numa palavra de despedida, apenas:
Eu quero uma estrela
Em minha madrugada
E descobrir um quase nada
Que perdi quando bebia…
Foram os mortos que levaram minha vida
E transformaram naquilo
Que eu não queria.
Levanto a taça,
O olhar embaça
No momento de saudar.
Saúdo a ti, que como eu
Na vida só perdeu
Em toda mesa de bar.
Ao fim do dia, todo dia,
Em nossa pequenez,
Descobrimos que morremos,
Descobrimos que queremos
Fracassar mais uma vez.
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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