Heron Domingues: um símbolo do radiojornalismo
Desde a sua chegada na Rádio Nacional, em 1944, o titular do Repórter Esso tenta, e consegue, ser um exemplo de locutor dando atenção a cada detalhe da notícia.
Heron Domingues procura também a pronúncia correta de nomes e palavras estrangeiras. Busca igualmente o melhor ritmo das frases para valorizar a informação. Um outro objetivo dele é interpretar e não apenas ler os textos ao microfone.
Quatro anos depois, em 1948, Heron Domingues é o responsável na emissora pela criação da primeira redação de radiojornalismo no país. No ano seguinte, ele elabora um texto, intitulado Técnica e Execução do Radiojornalismo, que contempla 22 itens para a produção de um noticiário.
Conforme o noticiarista, a imprensa escrita dirige-se aos que sabem ler. Por sua vez, o rádio tem o compromisso de levar informações para os milhões de analfabetos do país. Concordando com as normas lançadas pela agência de publicidade norte-americana McCann-Erickson, responsável pela implantação no mundo do Repórter Esso, Heron Domingues destaca que as frases radiofônicas devem ser curtas para que o ouvinte possa melhor assimilá-las. Na mesma linha de raciocínio, o locutor diz que a vibração das palavras no tímpano de cada ouvido é fugaz. Conseqüentemente o entendimento deve ser instantâneo para que o cérebro possa acompanhar o curso da notícia.
Heron Domingues observa ainda que um noticiário bem lido “varre um compartimento, os homens param de conversar para prestar atenção”. O radialista frisa também que a notícia tem que ser bem feita, pois tem que valer a atenção do ouvinte; não pode decepcioná-lo.
O gaúcho Heron Domingues teria ficado à frente do Repórter Esso até 1961 ou 1962. Alguns artigos indicam a saída dele da Nacional em agosto de 1961, logo após ler a notícia da renúncia do Presidente Jânio Quadros. Em outros, aparece o mês de dezembro e o ano de 1962.
Depois do rádio, Heron Domingues vai para a TV Rio e na seqüência para a TV Tupi. No entanto, jamais apresenta o Repórter Esso neste veículo de comunicação, pois no Rio de Janeiro a função fica com Gontijo Teodoro. Em 1972, Heron Domingues é contratado pela TV Globo. O apresentador morre na madrugada de 10 de agosto de 1974. Horas antes, ele havia lido no Jornal Internacional, da Rede Globo, a renúncia do Presidente Americano Richard Nixon.
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Doutor em Rádio pelo Departamento de História da Université du Maine (Le Mans, França). Radialista, jornalista, escritor e professor de rádio do curso de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina e assessor de imprensa da Prefeitura de Florianópolis. É um dos fundadores do Instituto Caros Ouvintes.
A voz mais bonita da História do Brasil. Casado com minha prima, Heron não só era “auto didata” em jornalismo e comunicação, como também um homem sensível, inteligente e que soube como ninguem, despetar todas as classes sociais deste país a ter interesse pela notícia.
Sua paixão pelo o que fazia era tão grande, que infelizmente o levou a morte.
Ratifico que Heron Domingues foi e continua sendo a voz mais bonita da História do Brasil.