Mãe-terra
Deus criou a humanidade da terra
e deu-lhe, num sopro, o alento.
O Éden foi seu primo berço;
deixá-lo, seu maior lamento.
Vagando por terras, sem rumo,
um dia estacou, fez raízes!
Descobriu que a terra, qual ventre,
podia parir de semente.
O tempo passou e essa herança,
que era, de todos, legado,
deixou de ser mãe de seus filhos:
não passa de um solo cercado.
Cercado e por vezes sem vida,
no aguardo de mãos que o afaguem;
que existem, migrantes, prementes,
movidas por sonho profuso,
que a buscam, com fé e sem sono!
Mas, quase não há chão sem dono…
E uns se puseram em marcha.
Outros cerraram fileiras!
E armas tingiram de sangue
o solo das tristes “fronteiras”!
Quem sabe, um dia, essa luta,
antiga como a própria história,
termine sem mágoa ou rancor
e os campos germinem em flor.
E assim liberta das dores
de anos de escravidão,
a terra acolherá seus filhos
em vida, e não mais sob o chão.
E o sangue não mais será húmus!
As mãos não portarão mais armas!
E o ódio que vivia à espreita,
não mais encontrará guarida.
Somente haverá suor de lida
e sonhos de paz e colheita!
Palestrante, compositor e escritor, autor de Sobre Almas e Pilhas (2005) e Dest’Arte (2009). Articulista e cronista, escreve em vários meios de comunicação no país. É Mestre em Educação, Engenheiro Civil, Professor Universitário e Conferente de Carga e Descarga no Porto de Santos/SP. Mantém o site algbr.hpg.com.br
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