Mário Lago fala da origem do samba e da música Amélia
Mário transitava bem em todos os gêneros musicais, mas dedicava ao Samba carinho especial e dizia que o brasileiro tinha vergonha de admitir que o Samba nasceu na zona de prostituição do Rio de Janeiro.
No livro Mário Lago, Boemia e Política, estão registradas as 105 músicas que foram escritas por Mário Lago. Sambas, marchas, boleros, valsas. A maioria absoluta foi composta com um parceiro.
Parceiros como Custódio Mesquita, Roberto Martins, Ataulfo Alves, Benedito Lacerda, Erasmo Silva , Dunga, Sílvio Caldas, Chocolate, Lúcio Alves e Nássara, entre outros.
A primeira, Menina, eu sei de uma coisa, é de 1936 e a última, Três sorrisos, de 1962. Já os intérpretes, eram os cantores mais populares de cada época: Carmen Miranda, Aurora Miranda, Aracy de Almeida, Orlando silva, Ataulfo Alves, Almirante, Chico Alves, Emilinha Borba, Carlos Galhardo, Isaurinha Garcia, Linda Batista, Nelson Gonçalves, João Dias, Nora Ney, Elizete Cardoso, Ângela Maria, entre outros.
Muitas dessas músicas se tornaram verdadeiros sucessos e foram consagradas pelo povo. Mário dizia: “nossa glória era ouvir o samba cantado, assobiado nas ruas, nos carnavais, ou executado em casas de prostitutas”. Mario nos conta como surgiu o samba na década de 20:
“—- E a primeira escola de samba, onde é que se formou? No Estácio. O Estácio era perto do Mangue [durante décadas zona de prostituição no Rio de Janeiro]. Quer dizer, o brasileiro não tem a coragem que tem o argentino de dizer que o tango nasceu no bordel…. O tango nasceu no bas-fonds, como o samba nasceu no bas-fonds da praça Onze. Até o Estácio, a distância era muito pequena…”.
Nas décadas de 1930 a 1940, as músicas eram lançadas através de concursos carnavalescos ou através do rádio. O primeiro sucesso foi o fox Nada Além, escrito no ano de 1937 em parceria com Custódio Mesquita. Em 1940, a marchinha Aurora teve um sucesso arrasador.
Aurora teve 17 gravações nos Estados Unidos e foi cantada em filme pelas famosas irmãs Andrew.
Mas foi em 1942 que um samba iria imortalizar Mário Lago como compositor: Ai, que saudades de Amélia. Ou simplesmente Amélia.
Amélia acabou até virando palavra de dicionário. No Aurélio, ela aparece desta maneira: “Do antropônimo [nome próprio de pessoa] Amélia, do samba Ai, que saudades da Amélia, de autoria de Ataulfo Alves e Mário Lago. S.F. Brás. Pop. Mulher que aceita toda sorte de privações e/ou vexames sem reclamar, por amor a seu homem”.
Mas a Amélia existiu de fato. Vale a pena conhecer a sua história. Nas palavras de Mário: “Amélia era o nome de uma lavadeira que trabalhava na casa da cantora Aracy de Almeida e seu irmão, o baterista Almeidinha. Amélia era ótima pessoa, de uma dedicação sem limites. Era capaz de fazer qualquer sacrifício por sua família ou por qualquer pessoa que a ela recorresse. Tinha bom humor e não se aborrecia com as trapaças e dissabores da vida. Todas as vezes que o Almeidinha ficava sabendo de uma desavença amorosa no grupo, costumava dizer:
—- Ai, a Amélia! Aquilo sim é que era mulher! Lavava, engomava, cozinhava, apanhava e não reclamava”.
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Publicitário, nasceu em São Paulo e veio para Santa Catarina no final da década de 1970 para implantar e gerenciar o setor de comunicação e marketing da Cia Hering de Blumenau. Chico Socorro é consultor independente de comunicação e marketing para as áreas de licitações públicas e prospecção de novos negócios.
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