O Capuchon passa a ser nossa base
Mesmo compondo em dupla na maior parte do tempo, Aldo e eu desenvolvíamos canções solo, e eu ainda tinha em parceria com Miro Preis a lírica “Entreaberto, O Amor”, e até uma tentativa de “ópera pop” tendo como tema a vida do imperador Nero, sei lá porquê!
[ Márcio Santos ]
Talvez por influência do filme “Quo Vadis”, em cartaz na Capital naquele momento tenha me influenciado. Até hoje nos lembramos de trechos maravilhosos como o “Tema de Agripina” e “Roma em Chamas”.
O projeto morreu na casca, pois era inviável pelo aspecto megalomaníaco que desenvolvíamos a cada encontro, sonhando com cenários impraticáveis, coral de 50 vozes, orquestra sinfônica… Nossos companheiros de composição eram um casal (acho!) de periquitos, presentes em sua gaiola no quarto de Miro, cujas paredes foram todas pintadas pelo dono e pelos visitantes, causando horrores nos pais do Miro.
Da belas músicas compostas apenas por Aldo nessa época, lembro de “Heras” (sem redundância) que era a minha preferida:
“Heras, roseiras, silvedos / A morte cheia de horrores / Não sei que orgia incorpórea / Enleva os meus pensamentos… / A raiz, a força da vida / Mama nos peitos da morte…”
Os ensaios do novo grupo eram realizados num ranchinho atrás da casa de meus avós, na Rua General Vieira da Rosa 55, quando Aldo foi trabalhar com Luiz Henrique Rosa, que acabara de voltar dos States, montado o show “Bananeira Chora Chorá”, sendo substituído por Altamiro Bortolloto Preis (Miro).
Precisávamos de um nome para a banda. Inicialmente, usaríamos o nome “Plebe-Capuchon” mas, por sugestão minha e consentimento de Nilo e Kachias, passamos a usar apenas o nome Capuchon e continuamos a compor, em duplas ou trios, o repertório do grupo, além incluir canções compostas anteriormente.
Músico profissional na Ilha de Santa Catarina há 40 anos. É autor do livro Ilha de meu som que está sendo publicado em capítulos pelo site Caros Ouvintes sobre a música local a partir da década de 1960. Sonhador, luta contra a perda diária que sofre a identidade musical deste “pedacinho de terra perdido no mar”, como disse o poeta Zininho.
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