O mágico mundo das redes sociais
Acredito que todos os colunistas “quebram a cabeça”, pelo menos de vez em quando no momento de escolher não só o assunto a ser abordado, mas o tema da coluna.
Minha filha fez cursos de vendas e atendimentos; e os instrutores deram ênfase sobre como os funcionários da Walt Disney são treinados para que os visitantes do parque mais procurado do mundo sintam – que a magia ali vista e usufruída é única. Os seja, é como se estivessem num “mundo perfeito”. Mundo perfeito, mundo mágico; daí o tema dessa coluna – O mágico mundo das redes sociais.
A grande diferença entre a Disney e as redes sociais é que ali há um preparo, um grande e contínuo treinamento dos funcionários. Já as redes sociais parecem oferecer um tal “mundo perfeito”. Muitos sorrisos, amigos unidos, casais apaixonados, filhos abraçando e beijando os pais, mesas fartas, carros novos e por aí vai.
Até que ponto as redes sociais representam a realidade das nossas vidas?
É fato que a maioria de nós faz uso das redes sociais e elas nos divertem e nos permitem compartilhar momentos agradáveis com outros amigos. Mas até que ponto elas, as redes sociais têm revelado – verdadeiros sorrisos, amigos realmente unidos, casais que se dão bem e se amam, filhos que convivem bem com os pais e os visitam com frequência? Ou esses momentos são tão raros que merecem um – registro?
Aqui há um paradoxo. Num mundo e numa época onde há muitas pessoas religiosas ou espiritualizadas, baladas cheias de jovens curtindo a vida, muitos outros fazendo faculdades ou especializações, e claro, as redes sociais repletas de pessoas felizes e ao mesmo tempo consultórios psiquiátricos e psicológicos lotados. Os amigos leitores que fazem terapia ou que fazem tratamento com um psiquiatra que o digam; aqueles que não fazem não imaginam a dificuldade de se conseguir uma vaga, um horário com esses profissionais; suas agendas estão quase “fechadas”. O “mundo” está doente. Estamos doentes fisicamente, com tantas e conhecidas doenças e de igual ou maior número com doenças psicológicas ou da mente; depressão, bipolaridade, transtornos de ansiedade, síndrome do pensamento acelerado, síndrome do pânico, déficit de atenção e hiperatividade e a lista vai longe.
Acontece que dizer aos amigos que descobrimos que temos diabetes, hipertensão, intolerância à lactose e até um tumor é uma coisa, outra bem diferente é assumir, admitir e tratar doenças da mente. Assim como não é comum dizer que a prestação do carro, do apartamento e outras contas estão atrasadas. Esses são assuntos “indigestos”, para nós e para os outros.
A magia da Disney faz com que seus visitantes se sintam felizes, num momento único, mágico, mais que especial. O mundo das redes sociais “pinta” um quadro que não nos cabe julgar, mas pensar nas possibilidades; ou as pessoas estão tentando se divertir e vencer as amarguras da vida ou apenas se iludindo e tentando mostrar o quanto gostariam de realmente estarem felizes.
“Mesmo no riso o coração talvez sinta dor; e a alegria pode acabar em tristeza”. Provérbios 14:13. Bíblia. Tradução do Novo Mundo.
As redes sociais com certeza irão continuar nos divertindo e nos permitindo compartilhar bons momentos. Só não deveriam nos tornar “atores” que logo após as verificações das postagens ou do seu resultado nos façam voltar a uma realidade triste e frustrante.
Quem sabe uma vida “bem resolvida”; carregada de verdadeiras amizades, bons e próximos relacionamentos entre marido e mulher, pais e filhos nos permitam viver momentos felizes mesmo quando longe das redes sociais. Lidarmos com problemas de ordem financeira com seriedade e serenidade e se necessário, buscarmos tratamentos com profissionais da área psicológica e psiquiátrica nos levem não ao “mundo perfeito”, mas ao mundo em que vivemos e mesmo com dificuldades podemos viver melhor.
Assim nossos retratos e postagens nas redes poderão ser “mágicos” por compartilharmos o que há de melhor em nós – a nossa vida real e mágica por excelência da própria existência.
Deivison Hoinascki Pereira. Professor, jornalista, colunista do Portal Instituto Caros Ouvintes e jornais Em Foco. Escritor. Produziu e apresentou o programa de rádio – Na cadeira do barbeiro – entre 2013 e 2015. As entrevistas com mais de 40 comunicadores da nossa região estão disponíveis no Portal Caros Ouvintes.
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