O moral e a moral – desencontros
Quando eu era criança ou adolescente, há uns 30 anos, ter faculdade, ou o curso superior não era algo tão comum, pelo menos não no meio em que eu vivia.
Lembro que alguns diziam com orgulho:
– Tenho um primo que fez faculdade! Sério?
– Minha irmã está na universidade! É mesmo?
Nos anos 90, pelo menos aqui na Grande Florianópolis, as faculdades particulares passaram a se destacar mais. Isso tornou possível que muitos conseguissem ter o curso superior. Alguns tinham a ajuda dos pais, outros ralaram para trabalhar e pagar a faculdade.
No decorrer da primeira década do século XXl vieram as faculdades a distância – online.
Cada vez mais possibilidades. Tantas que hoje não causa espanto ouvir alguém dizer que tem faculdade.
Em concursos públicos a “briga” entre pessoas com o antigo segundo grau ou ensino médio com os que têm faculdade causa discussões.
Há quem pense que deveria haver uma separação: Em concurso para nível de ensino médio os que têm curso superior não deveriam participar. E agora?
Mas com tantos avanços tecnológicos, científicos e outros, algumas questões parecem regredir. Isso parece mostrar um – contrassenso ou um paradoxo.
Se há bem mais pessoas instruídas, com boas formações acadêmicas, por que notamos uma “marcha ré” em questões de moral e bom senso?
A moral está em baixa para muitos e o moral de muitos está baixo.
A moral – se entende por questões de bom comportamento, respeito mútuo, não só no campo sexual, mas em todas as questões que regem ou deveriam reger bons costumes e respeito.
O moral – se entende como sentimento, ânimo. Muitos estão com – o moral baixo.
O estado de ânimo de muitos está um tanto doente. Notamos isso pelas frustrações que vão desde casamentos abalados, relações familiares estremecidas; e isso vai ao trabalho, nas escolas; enfim, nas próprias situações pessoais não resolvidas.
Quer ver um grupo de profissionais com agendas lotadas? Tente marcar uma hora, uma sessão com um psicólogo (terapeuta) ou com um psiquiatra. A agenda deles está mais lotada do que a de um bom pedreiro.
Com tantas mudanças no cenário cultural, social, acadêmico e cientifico, estamos presenciando algo incomum por aqui.
Quando eu era criança ou adolescente quem tivesse um lava jato era porque tinha uma melhor condição financeira.
A sujeira impregnada nas calçadas, muros e paredes era eliminada com mais facilidade com esse bendito aparelho.
Alguns alugavam um lava jato ou pediam emprestado para se livrar daquilo que a simples mangueira e vassoura não resolviam.
Hoje, há uma Lava Jato que está fazendo um trabalho diferente do antigo aparelho. Os antigos aparelhos lava jato faziam desaparecer a sujeira, a atual lava jato faz justamente aparecer à sujeira.
O ponto é que houve e está havendo mudanças, tanto para pior quanto para melhor.
E o melhor é saber que quase tudo está ao nosso alcance. A educação e o conhecimento por meio de uma faculdade, universidade ou pelos próprios esforços em estudar e abrir a mente faz a vida bem diferente. Boas leituras diárias são uma vitamina poderosa para o cérebro.
Mas e aquele desencontro entre – o moral e a moral?
Parece que não tem muito haver com “grau acadêmico”. Antes, com caráter, índole, respeito, conhecimentos adquiridos e postos em prática para o bem comum. E isso vai além dos campos universitários e faculdades.
No final do dia, do ano e de tudo, restará saber se entendemos o que é ter uma boa moral.
No final do dia, do ano e de tudo nosso moral poderá estar baixo ou alto; e isso dependerá de nós mesmos proporcionarmos esse encontro.
Deivison Hoinascki Pereira. Professor, jornalista, colunista do Portal Instituto Caros Ouvintes e jornais Em Foco. Escritor. Produziu e apresentou o programa de rádio – Na cadeira do barbeiro – entre 2013 e 2015. As entrevistas com mais de 40 comunicadores da nossa região estão disponíveis no Portal Caros Ouvintes.
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