O nascimento da televisão do Paraná – 38
Certo dia, reunimo-nos no Rio com Walter Clark, Ives Alves Boni e Joe Walace, quando os detalhes foram discutidos e se mostraram perfeitamente ajustáveis à filosofia comercial da Globo. Por ser uma proposta nova, ambiciosa e interessante para ambos os lados, recebeu logo o aval de Ives Alves, competente profissional, responsável pela comercialização da Globo. E tão logo foram definidos os novos procedimentos, as TVs Iguaçu e Tibagi assumiram a programação da Globo no estado do Paraná.
Decorridos três meses propostos para a avaliação da nova sistemática, os resultados foram excelentes, fazendo com que, a partir daquela data, todas as emissoras que transmitiam a programação da Globo passaram para o novo formato, com a denominação de “afiliadas”. Como conseqüência, a TV Paranaense voltou a exibir programas das TVs Record, Rio e Bandeirantes.
O novo acordo operacional com a Globo ofereceu à TV Iguaçu uma importância maior na linha informativa, motivando a aquisição de novas câmeras de filmagem CP 16, idênticas às da Globo, para poder oferecer maior participação do Paraná no Jornal Nacional, com o uso de som direto, que até aquela data não era possível. No entanto, apesar de toda a qualidade da Globo, o noticiário de maior audiência em Curitiba, então, era o Show de Jornal, da TV Iguaçu, uma produção local, desenvolvida partir de uma idéia nascida na TV Paranaense. E assim foi inaugurado um processo de rápido desenvolvimento tecnológico, marco inicial das transmissões, via satélite, pela Embratel.
A seguir, surgiram na Capital a TV Curitiba (hoje, Bandeirantes) e, posteriormente a TV Independência e a TV Educativa, esta estatal, ligada ao governo do Estado.
Foi também nesse período que começaram as transmissões a cores, com a novela Bem Amado, de Dias Gomes, e d primeira transmissão de uma corrida de Fórmula 1, via Embratel, ambas pela Globo. E as emissoras de Curitiba ampliaram, de forma significativa, as suas atividades, formando redes estaduais próprias, o que permitiu que o Estado do Paraná fosse todo integrado pela imagem da televisão.
Depois disso, pouca coisa de novo aconteceu, sobretudo em Curitiba, onde a televisão entrou numa rotina que só seria quebrada, anos mais tarde, com o aparecimento das estações de TV a cabo e em UHF.
A comodidade de receber programas prontos estagnou o desenvolvimento do mercado artístico, desincentivando os valores locais, enquanto as emissoras eram valorizadas pelos recursos tecnológicos.
Apesar de toda a competência e criatividade comprovadas dos profissionais da terra, nenhuma iniciativa de vulto foi mais tomada para valorizar a “Prata da casa” e poder utilizar aqui os recursos humanos que dispúnhamos, e o Paraná acabou se tornando, como se sabe, o principal exportador de talentos para a televisão brasileira. Basta conferir o cast de “estrelas” da Globo, por exemplo.
Operador de som, sonoplasta, locutor, e escritor. Participou da fundação da Rádio Ouro Verde de Curitiba e dirigiu as rádios Curitibana, Emissora Paranaense, Guairacá, Clube e Itaguaçu. Fundou e dirige a agência de publicidade Teorema. É autor do livro Ao vivo e sem cores – o nascimento da televisão do Paraná.
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