O Nascimento da Televisão do Paraná – 4
Ao mesmo tempo em que se dava apressada continuidade ao preparo da documentação legal para a conquista da concessão de funcionamento da emissora, procurava-se um local mais adequado para iniciar a montagem do primeiro estúdio.
Na região central de Curitiba, mais precisamente na Rua Cândido Lopes, esquina com Ermelino de Leão, defronte ao Largo Frederico Faria de Oliveira, estava sendo concluída a construção do primeiro bloco do Edifício Tijucas. Era, então, o prédio mais alto da cidade, muito bem localizado, sugerindo ser o local ideal para uma emissora de TV. No 21º andar existia uma boa área, prevista para ser a casa do zelador, que, numa primeira análise, apresentava-se como o espaço ideal para receber um estúdio de TV e seus agregados técnicos.
Não se pensou mais, o imóvel foi locado e, sem perda de tempo, iniciados os trabalhos de adaptação para acomodar os transmissores, um pequeno estúdio e as demais áreas técnicas de operação. Contava-se, ainda, com a vantagem de que, acima desse espaço, situava-se a casa das máquinas dos elevadores do edifício e que poderia ser o local ideal para a colocação da torre de transmissão. Efetivamente, ela foi ali montada, o que permitiria uma futura boa cobertura do sinal, facilitando a recepção da imagem por toda a cidade.
No novo local, o primeiro espaço a ser definido e instalado foi à sala de telecine, com o que já se poderia manter a transmissão da imagem. A pequena câmera ganhou uma tela plástica, que fazia a inversão da imagem projetada diretamente com maior qualidade. O pequeno transmissor do Olavo dava continuidade às transmissões abertas de filmes, em alguns horários diários, atraindo a atenção das pessoas que circulavam pela esquina da Av. João Pessoa (hoje Luiz Xavier) com voluntários da Pátria.
O interesse pela novidade foi enorme, fazendo com que o Dr. Nagibe apressasse o andamento do pedido de concessão da TV junto ao Ministério das Comunicações. Ele já possuía duas emissoras de rádio, era uma pessoa influente e respeitada, com excelente crédito bancário, e achava que não teria dificuldades para chegar a um bom termo, principalmente em se tratando de um projeto importante para o desenvolvimento da cidade, do Estado e do país. O local que sediaria o empreendimento encontrava-se na reta final de conclusão.
A investida era definitiva e irreversível, principalmente diante das reações favoráveis que eram colhidas de todos os lados. O novo espaço era suficiente para as necessidades iniciais: um pequeno estúdio para a realização dos programas ao vivo, uma divisão para a direção de TV, controle de som, controle de vídeo, cabine de locução telecine, espaço para os transmissores e, pronto. Todo o equipamento foi paulatinamente instalado, restando para o início das operações apenas alguns componentes do transmissor de áudio e da antena.
A impossibilidade de uso imediato do novo transmissor fez com que as experiências continuassem sendo feitas com o antigo transmissor construído por Olavo Bastos, que transmitia apenas a imagem, sem áudio. Dessa forma, mesmo durante um curto período, só se pode gerar imagens sem som, mas que serviam para matar a curiosidade e manter o interesse dos futuros telespectadores. Tanto é que algumas pessoas, não suportando a ansiedade, resolveram adquirir em São Paulo e Rio de Janeiro os seus primeiros aparelhos de TV e se constituíram nos primeiros e pouquíssimos privilegiados a desfrutar, em casa, da nova atração.
*Destaques do livro AO VIVO E SEM CORES – o nascimento da televisão do Paraná. Curitiba: Guiatur Editora Ltda. 2004.
Operador de som, sonoplasta, locutor, e escritor. Participou da fundação da Rádio Ouro Verde de Curitiba e dirigiu as rádios Curitibana, Emissora Paranaense, Guairacá, Clube e Itaguaçu. Fundou e dirige a agência de publicidade Teorema. É autor do livro Ao vivo e sem cores – o nascimento da televisão do Paraná.
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