Papo Livre 28
Estávamos estreando os “Walkie-talkies”, transmissores e receptores portáteis que eram a mais recente novidade. Grandes e pesadíssimos eram úteis e cansativos.
Certo dia a nossa equipe de esportes foi transmitir um jogo no Estádio “Durival de Brito”. Seria a inauguração dos refletores desse Estádio num jogo contra o “Estudiantes de la Plata” ou o “Newell’s Old Boys”, não lembro ao certo. Eu gostava de futebol e pedi ao narrador Carlos Alberto Moro para ir junto com a equipe para assistir o jogo.
Lá estando, o jogo já ia começar e o repórter de campo Martins Rebelatto ainda não havia chegado. O Carlos Alberto não teve dúvidas e me mandou com o pesado microfone para ficar ao lado de um gol.
Quando o jogo começou, eu comecei a tremer. Eu não sabia os nomes dos jogadores. De repente, para meu desespero, um escanteio bem no lado em que eu estava e o narrador comandou:
– “É com você, Ubiratan!”
Hum! E quem disse que eu falei alguma coisa. Carlos Alberto Moro insistiu:
– “Vai daí, Ubiratan!”
Silêncio total, congelei, fiquei travado e nada falei. Eu estava lá, mudo e perdido sob a neblina que havia naquela noite e não sabia o que fazer. Por sorte, não demorou a chegar o Martins Rebelatto que assumiu o posto.
Eu passei a dar mais valor aos narradores e repórteres… E nunca mais me meti a transmitir jogo de futebol.
Esse nosso papo livre é reproduzido com texto e som no excelente site
www.carosouvintes.org.br do meu amigo Antunes Severo, e toda a minha coleção de causos está no site www.ulustosa.com.
Radialista, publicitário e escritor começou sua carreira profissional na Rádio Marumby fazendo locução e apresentação de programas de estúdio e auditório. Na Rádio Clube Paranaense chegou à direção geral. Dedica-se atualmente à agência Santa Lúcia Propaganda da qual é sócio-fundador desde 1968.
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