Raspinha de panela de acampamento, que delícia!
Tributo ao chefe escoteiro Paulo Roberto Guimarães
Uma das características de nossos grupos escoteiros é a reunião de integrantes vindos de todas as classes sociais, políticas e econômicas. Uma vez admitidos no movimento desapareciam as diferenças e passava a valer o caráter de cada um. Mas, alguma coisa inusitada sempre acaba acontecendo para desespero de uns e festa de outros. Por mais disciplina que haja nas atividades e nos acampamentos, sempre é bom lembrar que todos são pessoas e por isso suscetíveis de gerar surpresas. Pois foi o que aconteceu em determinado momento em meu próprio grupo.
Imagine um menino filho de família abastada – dessas que têm mordomo, governanta, mucama e garçom – famélico diante de um panelão enorme, onde foi feita uma macarronada de cerca de vinte quilos, com uma quantidade imensa de molho de tomate e cinco quilos de salsicha em rodelinhas às escuras na mata de um acampamento…
Tudo bem… Fome de adolescente tem lá seus mistérios… Mas disputar a lavação do dito panelão para aproveitar-lhes a raspinha… É uma coisa incomum. Isso era um espetáculo impensável, pois além desses meninos de famílias abonadas tínhamos uma duplinha memorável de fominhas tradicionais: o Nego Luiz e o Marquinhos.
Estava criada a situação que exigia a mediação do Chefe que devia encontrar uma solução salomônica. Então não me fiz de rogado de imediato anunciei: “Cada um dá duas raspadinhas de leve e passa para o seguinte. A dupla que vai lavar o panelão fica com a melhor sobra”.
De repente um grito e uma correria uma uma cobra ratearia, também apreciadora de macarronada,joga-se dentro do panelão, bota a língua pra fora e arreganha os dentões para os pretensos ajudantes de cozinha.
– Chefe, Chefe! Corre aqui, vem ver que monstro…
Sem exagero, a também chamada cobra rateira teria mais de um metro e um corpo roliço que poderia dar possíveis filezinhos.
Foi um rebuliço danado. E a decisão foi unânime: Passo frio, passo fome, mas cobra no meu panelão não come. Pois o panelão ficou sujo por mais de uma semana – eis que a cobrona saciada, só muito depois, se foi toda rebolida para dentro das macegas.
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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