Sinceridade Demais
Ildo Campelo marcou época no rádio de Joinville, com seu sotaque nordestino e facilidade com que usava as palavras nas suas críticas ácidas e ao mesmo tempo bem humoradas. O problema é que ele não podia beber.
Por Léo Saballa
Durante anos, Campelo dividiu a sua atividade na Rádio Cultura com uma assessoria na câmara de vereadores. Quando ocorria algum evento festivo programado pelo legislativo, era uma preocupação geral, pois depois de beber, o radialista ficava imprevisível e sempre aprontava alguma. Na festa da concessão de honraria a um empresário de Joinville, no refinado salão da Sociedade Harmonia Lyra, Campelo não largava o copo. O local estava repleto de autoridades, inclusive com a presença do então governador Esperidião Amin.
O presidente da câmara, vereador Alsione Gomes de Oliveira não escondia a sua apreensão. Cuida do Campelo, dizia a todo instante para os funcionários da câmara. Chamado pelo protocolo, Alsione leu emocionado o belo discurso, destacando as qualidades do homenageado. Quase ao final do pronunciamento, a voz inconfundível de Ildo Campelo ecoou pelo ambiente, provocando risos e constrangimento:
– Amin, está gostando do discurso? – Perguntou Campelo.
O governador deu um sorriso amarelo e discretamente balançou a cabeça afirmativamente.
– Pois é, eu que escrevi hoje à tarde – revelou o radialista, para desespero do orador.
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Radialista, publicitário e produtor cultural. Residente em Joinville/SC, atuou em diversas emissoras de rádio em Santa Catarina. Como jornalista, foi editor de Política e de Geral no jornal A Notícia de Joinville, onde é cronista no caderno AN Cidade. Léo tem prestado assessoria de imprensa para entidades filantrópicas.
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