Terei saudade da vida? Parte 3
A Revista Catedral, bastante antiga em Cascavel, no Paraná, onde vivi longos vinte e tantos anos abordou o tema idosos, em edição especial, onde baseei toda a estrutura do Instituto Vida e Cidadania, uma Oscip que criei em Florianópolis, Santa Catarina; não deixava de ser uma forma de tentar ajudar os outros, ajudando-me a não ficar com a mente parada, um dos maiores perigos para quem envelheceu. Aprendizagem na maturidade, o respeito aos mais velhos, a fragilidade que pode impedir a alegria do idoso: saber envelhecer, as experiências da terceira idade, as festas na velhice, a saúde da terceira idade e, um dos pontos mais graves e que não é muito divulgado, o Asilo – o sinônimo real do abandono.
A violência e o abandono contra o idoso é uma ação de covardia. Abandonar os mais velhos, sem defesa, é uma triste realidade no país. É nos asilos que eles chegam ao fim.
Como tudo nesta vida, tem o bom e tem o mau. Existem asilos e casas de repouso que são verdadeiros exemplos de amor. Outros, de terror. Asilos e locais chamados de casas de repouso que são criados para obterem verbas governamentais e mensalidades pagas por familiares que não têm como tratar do idoso ou, simplesmente, que querem se ver livres deles.
Não vou obedecer a critérios de seqüência lógica nestes escritos: a lógica será o que vou pensando em escrever. E escrevo. E você, lê, analisa e tentará, ao final, fazer alguma coisa, entrando em contato com instituições, adquirindo as Cartilhas do Instituto Vida e Cidadania para distribuir às crianças, preparando-as para quando ficarem velhas também, sabendo dos seus direitos e lutando pela sua cidadania plena.
Não é um tratado, é um ponto de vista.
Wilson Carlos Kuhn, advogado e amigo já falecido, do Oeste do Paraná, contou-me certa vez que ao adentrar no ônibus em Guarulhos, São Paulo, rumo ao aeroporto, sua perna falseou, quando procurava alcançar a alça de segurança. A queda era iminente. Nesse momento um casal ainda jovem segurou-o pelos braços e evitou um tombo memorável.
Diz ele: naquele momento senti-me um idoso, com minhas deficiências e minhas fragilidades. Não gosto que me chamem de velho, salvo se for um termo carinhoso. Não gosto da expressão “terceira idade”, porque devemos viver a nossa idade, a idade que temos, celebrando sempre a vida. Diariamente, ao acordar, agradeço a Deus por mais um dia de vida e recito o Salmo 89, v.12: “Ensina-nos, Senhor a contar os nossos dias para que alcancemos o saber do coração”. Não vejo desdouro algum em ser idoso.
Somos idosos e temos a sabedoria do coração, a sabedoria da vida. E ela nada mais é do que a “soma de burradas e de acertos que cometemos no curso da vida”. Nós, Idosos, só pedimos uma coisa aos que nos cercam, aos que conosco convivem: um pouco de paciência e de compreensão, com nossas limitações e fragilidades.
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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