Uma palavra de despedida, apenas: coragem
Como pode existir uma coisa que não podemos ver? Nem sentir? Mas existe, porque ele o sente. De onde veio essa coragem? De onde veio essa certeza, para enfrentar a tudo e a todos como está acontecendo? De onde veio a paz, inadmissível até, em circunstâncias assim?
Existe um contato silencioso, insondável pela razão, provando que o poder maior não é o que aparece. Onde estamos que não vemos? Onde estamos que não entendemos? “O centro das coisas está em todas as partes, a circunferência em nenhuma”. Retrocede de espanto, sem se aniquilar.
No momento em que pede força, a tem.
E, enquanto acreditar, enquanto não desfalecer, essa força não o abandonará, enquanto não responder a todos os por quês…
– Eu sei tudo o que vocês podem falar a mais. Por saber disso, por ter tido consciência desses fatos, é que estou voltando. Humildemente, voltando. E quero que me ouçam, pelo amor de Deus. O drama em contar tudo reside nisto: ao renunciar a tudo e voltar não sei se faço exatamente o certo. O advogado disse que a única solução seria trazer o menino para cá. Ao mesmo tempo, eu sei, será desumano tirar a criança da mãe.
– Não sou só eu que moro aqui. Suas filhas terão que decidir. Eu não quero esse bastardo aqui… Filha: você aceita um outro filho do seu pai aqui…?
– Não.
– E um irmão nascido aqui em casa, você aceitaria…? – Não.
A discussão. O seu silêncio.
Radialista desde quando estreou ao microfone da Rádio Clube de Paraguaçu Paulista, na década de 1950. Trabalhou nas principais emissoras de Rádio do Paraná e Santa Catarina atuando na locução, produção e direção artística. Tem dezenas de livros publicados sobre rádio e jornalismo. Atualmente se dedica a ações filantrópicas.
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