Vera Fischer
Algumas (e abalizadas) opiniões em torno da eleição de Vera. Professor Alcides Abreu: levando-se em conta os fatores conjunturais houve uma reversão de expectativa que possibilitou a vitória de Vera no Maracanãzinho. É óbvio que uma simples análise socioeconômica concluirá pela identificação da massa assistente com a imagem catarinense de simplicidade. Isso, assinale-se, é resultado da informática crescente e abundante. Não vai aqui nenhum enfoque crítico, mas apenas a constatação de que essa imagem, sem embargo, serviu como instrumento catalizador de opiniões. Em síntese: foi a causa da estruturação da vitória.
Jali Meirinho: o importante é a rosa.
Caruso: … e aí eu apresentei um projeto concedendo-lhe o título de cidadã de Florianópolis. Houve algumas discussões iniciais, perfeitamente compreensíveis. Um nosso eminente colega achava que o termo exato era cidadoa, mas depois de consultarmos o dicionário houve impressionante unanimidade.
Yara Pedrosa: A Dadá adorou e a Dadá falou, tá falado.
Raul Caldas Segundo: Vou-me embora pra Passargada, lá sou amigo do rei.
Celso Pamplona: … eu estava acompanhado de um casal amigo quando vi a Verinha ganhar. O casal acharam ela maravilhosa, ma-ra-vi-lho-sa!
Dorival da Silva Lino: Sou contra.
Jali Meirinho: O importante é a rosa.
Zury Machado: …aliás eu já tinha visto Vera jantando no Querência, muito bem acompanhada.
O Prefeito: A Grande Florianópolis permitirá um planejamento integral e integrado que Blumenau já realizou a algum tempo. É um esforço comunitário de grande significação e Vera é um produto do esforço comunitário. Eu sempre disse que a comunidade…
Fúlvio Vieira: Se, pelo menos, ela fosse do Flamengo, mas é vascaína…
Jali Meirinho: O importante é a rosa.
Marcílio Medeiros, filho: Saímos do trivial variado e, durante um ano, teremos Miss. Faltando matéria no jornal vai ser mole: taca uma foto da Vera que o Sérgio garante a legenda.
Doutor Cleones: Cumpriremos rigorosamente o cronograma. Quando Vera voltar de Miami, a ponte estará inteiramente asfaltada.
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Que fila era aquela
Na hora da janta?
A fome era tanta
E a fila comprida,
Sofrida, sem pressa.
Que fila mais triste
Na hora da janta.
E o guarda?
Que guarda?
O guarda que guarda
A fila da ponte
O guarda não estava.
Também, não podia
Domingo não é dia
De pescaria?
E a fila?
Quem cuida da fila?
Da fila comprida,
Sofrida, sem pressa?
É buzina tocando,
Criança chorando,
E dente rangendo,
A fome apertando
Na hora da janta.
E a fila não anda.
É carro chegando,
E freio cantando,
E gente berrando,
E chuva caindo,
E farol apagando.
E a fila não.
E o guarda?
Que guarda?
O guarda que guarda
A fila da ponte.
O guarda não estava.
Não era domingo?
Pois era domingo
E guarda não tinha.
Estava na barra
Matando tainha.
E a fila?
Quem cuida da fila?
Da fila sem graça,
Que chata não anda,
Não sobe nem desce
Nem anda nem passa.
Adolfo Zigelli. As soluções finais. Florianópolis: Editora Lunardelli, 1975. Esgotado.
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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