“A publicidade avançou muito”
[ Milena Lumini ]
Pioneiro da propaganda e no rádio de Santa Catarina, o professor e publicitário Antunes Severo é um dos cinco profissionais com mais de 50 anos de atividade na comunicação que será homenageado no 7º Encontro da Imprensa Catarinense, que ocorre em Chapecó, no próximo sábado, 2/8.
Nascido no interior de Rosário do Sul (RS), Severo aprendeu a ler para trabalhar como locutor em um serviço de alto-falantes.
No ano seguinte, iniciou uma carreira de 11 anos no rádio na qual assumiu funções de programação, jornalismo e administração.
Em 1962, fundou junto com Rozendo Lima, a agência de publicidade A.S> Propague onde permaneceu por 15 anos.
Severo é sócio fundador e o primeiro presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing )ADVB/SC) e, atualmente, o editor responsável pelo portal Caros Ouvintes.
Diário Catarinense – Qual a importância dessa homenagem?
Antunes Severo – O reconhecimento público e institucional é a maior recompensa que um profissional pode receber ainda em vida. Isso representa uma alegria maior das muitas que e tenho tido felizmente nas diferentes áreas em que eu trabalhei e trabalho em comunicação, aqui em Sanita Catarina, em particular, que é onde formei a minha base. Isso reforça esse grande elo que é o reconhecimento da qualificação.
DC – Como era a publicidade no Estado na época da fundação da A.S. Propague?
Severo – Olhando hoje, foi uma grande ousadia. No final da década de 1950 o marketing no Brasil era uma palavra que não existia. Quando se falava em marketing as pessoas as pessoas achavam uma coisa terrível, diziam: “mas que que é isso que os americanos inventaram para enganar o consumidor”?
Eu não tinha nada com o marketing até 1960, porque minha atividade principal era radialismo. Quando saí de trás do microfone para dirigir uma equipe e executar uma programação comecei a ver quanta coisa eu não sabia de uma empresa de comunicação. Eu e um colega resolvemos montar uma gravadora.
DC – Nessa época a agência fazia publicidade só para o rádio?
Severo – A mídia principal era o rádio. Os jornais (locais) não tinham qualidade de impressão, então praticamente não se usava o jornal como meio de comunicação publicitária.
DC – Quais os desafios para a publicidade atualmente?
Severo – A publicidade avançou muito. O que me parece carente é a qualidade do relacionamento entre as instituições anunciantes, os meios de comunicação e o consumidor – de rádio, televisão e jornal. É como se fossem três blocos trabalhando um contra o outro , quando na realidade nenhum dos três vive sem os outros dois. Os valores comerciais (econômicos) foram potencializados de uma tal ordem que se esquece que estamos trabalhando para pessoas.
DC – O rádio continua como sua maior paixão?
Severo – É o rádio. Aliás, o rádio é o meu alimento. Estou fora do rádio desde 1964, mas as pessoas me encontram na rua e falam “ah, o Antunes do rádio”. Sou radialista por essência e faço ad coisas com a simplicidade com que se faz no rádio. O rádio é um veículo muito próximo, muito amigo, muito afetivo, dependente, inclusive da emoções. Se você não emocionar o ouvinte ele troca de canal. Eu sou muito tímido, mas essa timidez eu perdi, em grande parte, no rádio. Pelo convívio com o povo, com os auditórios e a paparicação que existia. Eu despertei par afazer outras coisas porque só com o rádio eu não poderia viver e aí que eu comecei a descobrir o marketing.
[email protected] | DC | Economia | Entrevista | 27 de julho de 2014 | Foto: Charles Guerra/DC
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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