Battisti, assassino já condenado, passeou pelo Fórum Social!
Há enormes injustiças sociais a corrigir, questões econômicas a resolver e preocupantes questões ambientais a superar. Assim, qualquer contribuição é benvinda
O Fórum Social Mundial nasceu com esperança monumental, ele pavimentaria estrada para um outro mundo possível! Nele nasceria a alternativa viável ao capitalismo – lembro-me dos discursos. Lá se vai mais de década e o vibrante encontro ficou nas boas intenções, dessas que pavimentam a estrada para o inferno. Tem servido para a esquerda que está no divã fazer catarse. Aliás, quem apontar algo, consequente, generoso, produzido pela esquerda mundial nos últimos cem anos relatem, por favor. O mais lamentável é que resultados pífios do Fórum não interessam a ninguém. A humanidade precisa um modelo socioeconômico novo.
Há enormes injustiças sociais a corrigir, questões econômicas a resolver e preocupantes questões ambientais a superar. Assim, qualquer contribuição é benvinda. Nesse panorama triste o que fica claro é que o almejado mundo novo dificilmente surgirá das esquerdas: estas estão mortas. A questão que intriga no Fórum Social é que entre os organizadores há gente de gabarito, preparada, gente com bonita história de vida na luta por uma sociedade justa. Um é Oded Grajew, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, da área de responsabilidade social empresarial; outro é Cândido Grzybowski, diretor do IBASE.
Conheci Cândido ainda aluno da FIDENE, em Ijuí, nos anos se 60, quando peleávamos, no movimento estudantil, contra a ditadura militar. São dois brasileiros de respeito…
Por quais fatores um evento desse porte vira convescote no resultado? Tenho só palpites. O mais forte é que virou vitrine de uma ideologia desesperada por uma nova tese após a queda do Muro e perdeu suporte de gente que aportaria substancia. Outro, o excesso de números circenses com gente do ETA, IRA, Cuba, e figuras como José Bové e Cesare Battisti. Mais: alguns dirigentes forjam a imagem de ser encontro dos homens bons buscando jeito de abater homens maus; esse maniqueísmo primitivo gera o nada.
Outro: escamoteiam o passado recente, não fazem autocritica sobre as atrocidades do socialismo real e, subliminarmente, açulam a cantilena pró-utopia socialista embora nada tenha sobrado da experiência que implodiu (ao custo de cem milhões de vidas).
O Fórum Social, que poderia ser valioso contraponto ao Fórum Econômico de Davos marca passo por que se nega fazer um discurso vigoroso salientando os valores da democracia. Dessa democracia que, sim, precisa ser reforçada com conteúdos éticos, mas que foi a principal responsável pelo sucesso de FHC e Lula e que vem livrando milhões da miséria.
A fala que sai do Fórum é mofada: é Cuba que esmola, os Kirchner, a caquética experiência bolivariana do Chávez, é Morales et caterva, o eterno o ranço contra o moinho de vento chamado capitalismo, fácil de desancar por engenheiros de obra pronta. Esquece que capitalismo bem ou mal funciona e tira gente da miséria como no Brasil, Rússia e China. Sim, há crise nos países capitalistas ricos (USA, Europa e Japão), mas só há miséria aonde não chegou (África, por exemplo)!
Como ficamos? Resta-nos torcer que isso mude. Davos precisa de contraponto. Ah, sim, resta esperar que alguém consiga explicar o que o assassino Cesare Battisti, condenado a prisão perpétua na Itália democrática (expoente da organização de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo) e recebido com honras de estadista veio fazer no Fórum Social.
*Ivaldino Tasca, jornalista | [email protected]
Radialista, jornalista, publicitário, professor e pesquisador é Mestre em Administração pela UDESC – Universidade do Estado de SC: para as áreas de marketing e comunicação mercadológica. Desde 1995 se dedica à pesquisa dos meios de comunicação em Santa Catarina. Criador, editor e primeiro presidente é conselheiro nato do Instituto Caros Ouvintes de Estudo e Pesquisa de Mídia.
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