Não chega de saudade
Riobaldo, em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, diz, ao contar sua história de jagunço e ao lembrar de uma das mulheres que conheceu: “Saudade é velhice.”
Por João Chamadoira
Como tudo em Guimarães Rosa é ralativo, relativemos também o conceito de Riobaldo. Portanto, não chega de saudade.Afinal, a velhice é boa, se bem vivida e a saudade…
Era na Rádio Difusora de São Paulo, dos Diários e Emissoras Associados, às 5 horas da tarde. Voz macia, aveludada do Calil Filho, também apresentador do telejornal da PRF-3- TV TUPI DIFUSORA.
O programa era a ESCALA MUSICAL COLÚMBIA. Uma espécie de jabaculê em que a Colúmbia Discos enfiava ali seus recentes lançamentos. Felizmente, o Calil Filho tinha o gosto que eu tinha. Eu chegava do colégio e queria ouvir as músicas dos 78 rotações que o programa mostrava.
Nunca me esqueço da bendita tarde em que, acho 1958. o Calil Filho anunciou mais ou menos assim:
– Ouçam esta novidade. Prestem atenção na voz e no acompanhamento do violão…
E lá vinha a novidade:
“Laaaá, lararararararararará, lararararararararará, lararara,lararará.
Vai, minha saudade, e diz a ela
Que sem ela não pode ser.
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse,
Porque não posso mais sofrer…
Chega de saudade…”
Realmente, diferente. Nascia uma nova música, dentro do momento de criatividade e novidades que o Brasil então vivia… Ainda não chegara o 1º de abril de 1964.
Não, não chega de saudade! Definitivamente!!
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