Shaun Tan, o grande expoente da literatura infantil
Shaun Tan nasceu em 1974, no norte de Perth, oeste da Austrália. Desde a época do colégio já era conhecido como “o bom desenhista”. Foi a partir do talento que apresentava desde pequeno que ele decidiu ingressar na Universidade da Austrália Ocidental para estudar Artes Plásticas e Literatura Inglesa.
[ Wendell de Oliveira Albino ]
Após se formar, iniciou a carreira de ilustrador em revistas de ficção científica. No ano de 1997 foi convidado a ilustrar o livro “O Observador”, de Gary Crew, mas o que ele não poderia imaginar é que catorze anos depois seria laureado com o Astrid Lindgren Memorial Award, prêmio em reconhecimento à sua contribuição para a Literatura Infantil Internacional.
Atualmente o nome de Shaun Tan é reconhecido como um dos mais importantes no que tange ao universo da Literatura Infantil, tendo conquistado prêmios por todos os lados do mundo.
Os livros do autor têm desconstruído o conceito de que a literatura infantil seja literatura menor, de pouca relevância, por sua suposta linguagem de fácil compreensão e suas imagens simplesmente ‘decorativas’. As obras de Shaun Tan têm demonstrado que essa conceituação é extremamente estereotipada e errônea, já que um livro ilustrado propicia ao leitor inúmeras possibilidades de leituras, algumas delas através do texto escrito e outras através das imagens.
Shaun Tan também se aventurou no mundo do cinema, criando e co-dirigindo o curta-metragem de animação chamado The Lost Thing (A Coisa Perdida), inspirado em seu livro homônimo de Literatura Infantil. Para a felicidade dos fãs desse gênero literário, a animação de Shaun Tan acabou vencendo o Oscar e consequentemente divulgou ainda mais a riqueza do universo da Literatura Infantil. O fato de o escritor ter ganhado um Oscar, chamou mais a atenção para chegar-se na constatação de que a linguagem cinematográfica é muito forte em seus respectivos livros, já que ao lermos suas obras nos remetemos facilmente aos filmes de cineastas como Ingmar Bergman e David Lynch.
No livro ‘A árvore vermelha’ o autor trabalha com extrema excelência as principais temáticas bergmanianas, como por exemplo, a solidão, a angústia e o silêncio. E assim como o cineasta sueco, Shaun Tan também consegue explorar de forma minimalista temas tão complexos de serem aprofundados, realizando esse feito de modo poético e peculiar. O autor cria além do texto, imagens surrealistas que causam grande impacto e também proporcionam inúmeras leituras e interpretações. ‘A árvore vermelha’ é um livro ilustrado em que tudo é apresentado ao leitor com uma proposição especulativa, envolta por aspas invisíveis, como se dissesse “qual a sua interpretação?”.
Em ‘Contos de lugares distantes’ Shaun Tan utiliza-se de imagens surrealistas como uma forma singular de expressão narrativa, nos fazendo lembrar o cinema de David Lynch, já que elementos como a valorização do mistério, devaneios nonsense, delírios oníricos e rupturas imagéticas são características marcantes tanto da filmografia lynchiana como também do livro ‘Contos de lugares distantes’ de Shaun Tan. Assim sendo, o livro funciona mais via ressonância do que entendimento, as ideias e os sentimentos são acima de tudo convocados, não explicados. Vale destacar também que o autor utilizou técnicas variadas na construção das ilustrações, como por exemplo, pintura a óleo e tinta acrílica, guache, grafite, canetas hidrocor, colagem e outras.
As obras de Literatura Infantil de Shaun Tan são recomendadas para todo tipo de leitor, e não somente para os menores, pois certamente não há motivos para uma história ilustrada não ter, com adolescentes e adultos, o mesmo apelo que tem com as crianças. Afinal, outras mídias visuais como a pintura e o cinema não sofrem de preconceitos limitantes de público. Então por que as obras de Literatura Infantil sim?
Natural de Florianópolis/SC. Graduado em Letras – Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Além do amor pela escrita, é fascinado pelo universo de HQs, Literatura Infantil, Literatura, Games, Cinema e Música. Tomou gosto pela leitura através de autores como: Clarice Lispector, Allan More, Frank Miller, Shaun Tan, Bukowski, Chacal, Jhon Fante, Bram Stoker e Kafka.
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